Com cartazes pedindo justiça e frases de protesto, cerca de 100 parentes e amigos participaram do enterro de Alexander Silvan Gonçalves Cardoso, de 20 anos, morto na noite da última terça-feira, em Honório Gurgel, Zona Norte do Rio. O sepultamento aconteceu por volta das 16h20 desta quinta, no Cemitério de Inhaúma, também na Zona Norte. A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) apura uma rixa entre grupos de bate-bolas. Para a polícia, o jovem pode ter sido morto por engano. Horas antes do crime, ele estava vestido com roupas do grupo e pode ter sido confundido por grupos rivais.
Antes do sepultamento, a dona de casa Cláudia Gonçalves da Silva, mãe do jovem, voltou a pedir que a polícia apure o que aconteceu e que prenda os culpados pela morte do rapaz.
— Eu não tenho o que falar. Só quero que isso se resolva e que outras mães não passem por isso. Espero que tenha um resultado e que apareçam o autor e o motivo. Tudo é muito nebuloso. Só queremos entender o que aconteceu. Ele não pode levar um tiro e ficar assim. Queremos um resultado. Meu filho era bom, amigo, e os amigos estão aqui para provar isso. Ele não merecia o que aconteceu. A gente não entende quem tira a vida de uma família toda — desabafa Cláudia, que completa:
— Ele era amado, amoroso, carinhoso. O foco dele era o futebol e acabaram com isso. O meu irmão (que estava com a vítima) está abalado. (Ele) Não teve condições de vir, chora a todo tempo e pergunta o que aconteceu. Está com uma bala alojada. As câmeras não estavam ligadas. O que aconteceu? — questionou.
O motoboy Júnior Santos, de 28 anos, disse que o amigo amava viver e gostava muito de futebol. Ele quer justiça e que os culpados sejam punidos.
— Só queremos justiça. Foi a vida de um moleque bom (que foi embora). Somos amigos de infância. Ele era querido em todo o bairro. Ele era tranquilo, gostava de futebol. Amava ser jogador. Impediram o sonho dele — diz Júnior.
O crime aconteceu pouco antes das 20h, da última terça-feira, quando Alexander e o tio iam a uma festa. Alvejado no peito e na cabeça, ele foi levado para o Hospital estadual Carlos Chagas, no bairro vizinho de Marechal Hermes, mas não resistiu aos ferimentos. Seu tio, baleado na perna, também precisou ser levado à unidade de saúde. Ele recebeu alta médica horas depois.
Na tarde desta quinta, o delegado Marcus Drucker, que está à frente do caso, disse que “não tinha como adiantar nenhuma informação” sobre as investigações. No entanto, a reportagem apurou que a delegacia apura uma disputa entre integrantes de grupos de bate-bola que atuam na Zona Norte do Rio. A vítima teria sido morta por engano.
Algumas testemunhas estão sendo ouvidas. Imagens de câmeras de segurança da região também estão sendo colhidas.
Três dias antes do crime, no sábado, integrantes de grupos rivais haviam brigado e integrantes teriam feito ameaças de mortes a desafetos. Iago Gonçalves, de 29, tio do rapaz, após sair do hospital, contou aos policiais que não sabe de onde os tiros partiram.
Segundo testemunhas, os atiradores estavam em um carro preto. O veículo deixou o local logo depois que os ocupantes abriram fogo. Pelo menos seis disparos teriam sido efetuados, ainda de acordo com esses relatos. Uma perícia foi feita no local do crime.
Procurada, a assessoria de imprensa da Polícia Civil não respondeu aos questionamentos.