Foi sepultado nesta quarta-feira, às 16h, o corpo do jovem Cauã da Silva dos Santos, de 17 anos, morto após ser atingido por um tiro no peito na Comunidade Dourado, em Cordovil, na Zona Norte do Rio. Sob forte comoção, familiares e amigos do adolescente se despedem no Cemitério de Irajá.
O velório de Cauã começou por volta das 9h. Às 12h30, agentes da PM chegaram ao cemitério. A presença dos policiais causou indignação entre os familiares. “A gente não quer eles aqui”, disse a avó de Cauã. “Vocês acabaram com a minha vida, com a vida da minha mãe”, gritava a irmã mais velha. Os agentes foram embora cerca de dez minutos depois.
Durante o sepultamento, amigos e parentes cantaram louvores e pediram que seja feita justiça. No fim, o pai do jovem fez um discurso emocionado, e pediu para que todos aqueles que admiravam seu filho fizessem manifestações pacíficas, em respeito à memória de Cauã.
— Não quebrem nada, não vamos fazer o que o Estado quer. Não vamos dar esse gostinho. É o pedido do coração de um pai. Meu filho não era bandido.
As pessoas presentes no enterro saíram do cemitério e seguiram em passeata gritando por justiça pela Estrada da Água Grande, em Irajá.
Para familiares e testemunhas, o tiro que matou o adolescente partiu da PM. O líder comunitário Thiago Velasco, tio da vítima, afirma que a morte de Cauã foi um ato de irresponsabilidade, e diz não acreditar na declaração dada pelo tenente-coronel Ivan Blaz, na qual ele alega que o caso ocorreu após ataques a agentes da PM na região.
Segundo Thiago, o que acontecia no local era uma ação social com mais de 150 crianças.
— Parem de mentir. Podem jogar outras versões pra tentar incriminar a vida do meu sobrinho, não tem, não vai achar, ele era um lutador, um estudante. Então agora vocês falam que o cara foi encontrado a setecentos metros do local onde estava acontecendo a ação social, mas o bairro não tem setecentos metros, isso é um absurdo — relata Thiago.
Avó de Cauã, Edneise Cristina, conta que o neto era querido por todos e diz que quer apenas justiça:
— Nossa família está despedaçada e dilacerada. Eu só peço a justiça, ao governador, ao presidente, que puna. Mas puna de verdade. Não é tirar da rua. É tirar e prender — diz a avó.