Acusada de integrar uma quadrilha de estelionatários e cumprindo prisão domiciliar em uma cidade no interior do Rio, a blogueira carioca Rayane da Silva Figliuzzi, de 24 anos, usou as redes sociais para falar do relacionamento que manteve com Alexandre Navarro Júnior, o Juninho, de 28 anos, de quem foi noiva. O ex-companheiro da jovem é apontado pela Polícia Civil de Santa Catarina, responsável pelas investigações, como o chefe do bando. Descrito nas postagens como “tóxico e abusivo”, ele continua foragido.
Em uma série de stories publicada entre terça e quarta-feira no Instagram, onde ela mantém um perfil com cerca de 78 mil seguidores, Rayane respondeu a diversas perguntas. Boa parte dos questionamentos era justamente sobre a relação com Alexandre, com quem a blogueira tem um filho de menos de 1 ano de idade — a existência da criança foi o argumento usado pelos advogados da jovem para, em decisão de 19 de janeiro, convencer a Justiça a converter a prisão preventiva em uma penitenciária tradicional para a modalidade domiciliar.
Nas mensagens compartilhadas, Rayane conta que o namoro foi rompido há quatro meses e revela que os dois só ficaram noivos por conta da gravidez. “Eu tentei levar durante um ano e meio e nisso fui adoecendo cada vez mais”, relatou, acrescentando que conheceu Alexandre “com o tempo” e percebeu que os dois são “totalmente diferentes um do outro”. Ela pondera, porém, que “estava fraca e não tinha força nem psicológico para sair de um relacionamento totalmente tóxico e abusivo”.
Nas postagens, Rayane dá a entender que, mesmo procurado pela polícia, Alexandre mantém contato com o filho. Perguntada por um seguidor se o ex-noivo seria “presente na vida” da criança, ela respondeu que sim: “Para o Zion, ele é ótimo”. Na mensagem seguinte, ela indica o que teria tirado de “experiência e aprendizado nesse momento difícil”: “Conhecer mais as pessoas. Não confiar em mais ninguém!”, ensinou a blogueira, que, em outro momento, afirmou com veemência que “se arrepende de algumas escolhas”.
Rayane também dividiu no perfil que vem se tratando de um quadro depressivo, inclusive com medicamentos. “Com muita terapia, remédio e ajuda de familiares e amigos, hoje me sinto bem”, comemorou. “Quero voltar à minha vida aqui com vocês, porque foram anos para construir”, pontuou ela, que também falou sobre as dificuldades de ser uma mãe solteira. “É difícil, mas nao é impossível”, decretou, logo após ponderar: “Há muito tempo eu já estava sozinha”.
Até frequentar o noticiário policial, Rayane era habituada a aparecer nas páginas de fofoca. A jovem, que fez trabalhos como modelo, já foi apontada como affair do rapper norte-americano Tyga, durante uma visita do artista ao Rio, e também do cantor Saulo Pôncio. Nas redes sociais com dezenas de milhares de seguidores, ela anunciava diversos produtos de beleza e bem-estar.
Antes da prisão e da separação, Rayane e Alexandre chegaram a posar juntos no mesmo perfil em diversas ocasiões. Um dos registros, anexado à investigação, traz o casal durante uma viagem a Fernando de Noronha, destino pernambucano paradisíaco.
“Já tá marcando a próxima, acho que ele gostou de viajar, hein. Gostou de viajar, vida?”, pergunta Rayane no início do vídeo, enquanto Juninho aparece ao fundo, conversando com um homem e uma mulher — nenhum dos dois chegou a ser indiciado, por isso tiveram o rosto borrado pelo EXTRA. O então companheiro da blogueira responde que sim. Em seguida, a jovem completa fazendo planos: “A próxima é França. E Maranhão”. Alexandre, então, ironiza: “E depois roubar um banco, porque acabou o dinheiro”.
Rayane, Juninho e outros integrantes do bando tiveram a prisão preventiva decretada em novembro do ano passado. No dia 19 de janeiro, porém, outras quatro acusadas obtiveram o mesmo direito da modelo ao regime domiciliar, por motivos semelhantes — todas ou estavam grávidas ou tinham filhos pequenos.
As investigações apontaram que, a partir de uma central de operações montada em um apartamento de alto padrão em Copacabana, na Zona Sul do Rio, falsas telefonistas entravam em contato com as vítimas em cidades catarinenses como Balneário Camboriú e Florianópolis. Elas simulavam ser funcionárias de instituições bancárias checando compras no crédito para convencer os alvos a entregar senha e cartão a comparsas que se dirigiam ao local e, em seguida, faziam várias transações em maquininhas pertencentes ao grupo, uma delas vinculada a um CNPJ no nome de Rayane, concluindo a farsa conhecida como “golpe do motoboy”.