Entidade lembra que a violência não acaba no mês da campanha e chama organizações e movimentos sociais para potencializar ações contra agressões cada vez mais brutais
Unindo forças com os objetivos do ‘Agosto Lilás’, a Casa da Cultura da Baixada se colocou à disposição para oferecer suporte a todas as mulheres no sentido de encorajá-las a refletirem sobre cada mensagem veiculada na campanha, buscando romper com o silêncio e regras impostas pela lógica patriarcal e machista, que culpabilizam e justificam violências.
Frases como “as flores do Agosto Lilás nos lembram que toda mulher merece viver sem medo, com dignidade e respeito” é um convite à reflexão e à ação para toda a sociedade ser transformada em agente de mudança em um contexto cada mais complexo e violento.
“A campanha encerrou, mas nossa luta e as ações de enfrentamento precisam acontecer o ano todo, com envolvimento de toda sociedade. Repudiamos todas as formas de violência, em especial, contra meninas e mulheres, e fazemos de nossas ações institucionais, uma arena de enfrentamento à essas violências”, enfatiza a a entidade na sua página do Instagram.
Mais rigor na lei e nas medidas
Segundo a Casa da Cultura, casos recentes, brutais de violência contra as mulheres têm exposto a necessidade de medidas mais rigorosas no país, a exemplo de países como a Itália, que endureceu a punição para casos de feminicídio e aumentou o investimento nas medidas de proteção.
“A violência é fruto da misoginia, que é o discurso de ódio contra as mulheres, e não pode ser normalizado, pois é um fator determinante. A CC segue empenhada nessa luta e se coloca a disposição para acolher e dar suporte as mulheres. Toda sociedade, homens e mulheres, precisam quebrar esse ciclo, educar com respeito, eliminar o machismo, repreender atitudes violentas e não se omitir/calar diante da violência contra a mulher. Com prevenção, apoio e acolhimento, devemos transformar dor em força e o silêncio em voz. Mulher, você não está sozinha! Essa luta é nossa”, reafirmou a entidade.
Eco nas ruas e redes sociais
No final de agosto, quando várias campanhas de enfrentamento à violência contra as mulheres foram para as ruas, para as redes sociais, reverberar o problema, a Casa da Cultura lembra que a violência não acaba no mês da campanha.
Por essa razão, encoraja todas as organizações, movimentos e grupos a potencializarem suas ações, pois agressores não dão tréguas e a violência se mostra cada vez mais brutal e truculenta. Sem se intimidarem com todas as estratégias de proteção disponíveis, agressores ignoram câmeras, testemunhas, medidas protetivas, enfim, se sentem à vontade para cometer o crime.
Mais de 180 estupros por dia
Os números da violência contra mulheres são preocupantes: no primeiro semestre de 2025, o Brasil contabilizou 4 registros de feminicídios e 187 de estupro de mulheres por dia.
É o que mostra o estudo produzido com base nos dados do Sistema Nacional de Segurança Pública (Sinesp), ligado ao Ministério da Justiça, e disponível no Mapa Nacional da Violência de Gênero (https://www.senado.leg.br/institucional/datasenado/mapadaviolencia/#/inicio).
A pesquisa revela que mortes violências intencionais tiveram redução, mas na contramão, o número de feminicídio sofreu aumento de 0,7% onde cerca de 64% as vítimas são mulheres negras.
Uma escalada de ódio contra mulheres está em curso. Só em São João de Meriti, até o dia 31 de julho de 2025 o atendimento pelo telefone 180 divulgou 1.085 casos de violação de direitos de mulheres.
Beatriz Accioly, líder de políticas públicas pelo fim da violência contra as mulheres do Instituto Natura e co-criadora do Mapa da Violência de Gênero, afirmou que o Brasil falha em proteger meninas e mulheres.
Para ela, a subnotificação ocorre por medo, vergonha e desconfiança nas instituições públicas, o que agrava o problema.
“Os números já são alarmantes, mas o problema é ainda maior. O Estado e a sociedade brasileira não respondem com rapidez, eficiência e acolhimento, o que transmite a mensagem de que essa violência é tolerada”, disse.