Desde o dia 17 de fevereiro a família de Raphael do Carmo Silva, de 30 anos, peregrinava por hospitais e IMLs por informações sobre o paradeiro do rapaz. Morador de Guapimirim, o pedreiro desapareceu depois de levar o filho de 5 anos em um hospital em Piabetá, em Magé.
— Eu comecei as buscas no dia 18, o primeiro passo que dei foi fazer o registro de ocorrência na delegacia de Magé. Ligamos para hospitais, IMLs, e todos diziam que não tinha registro, que ele não tinha dado entrada — conta a mãe de Raphael, Rosângela de Carvalo do Carmo, de 49 anos.
A família só foi ter informações sobre Raphael na semana passada. Segundo Rosângela, o filho dela chegou a dar entrada ferido no Hospital Adão Pereira Nunes, em Caxias, no dia 21 e morreu três dias depois, mas ela diz que a família não foi informada. Segundo a prefeitura de Caxias, no dia 21 às 07h06, um homem pardo, sem identificação com idade aparente de 35 anos deu entrada no Hospital Adão Pereira Nunes vítima de agressão com vários ferimentos e em estado grave. No dia 24, às 01h30, o paciente morreu e foi encaminhado para o IML às 10h35.
De acordo com a direção da unidade hospitalar, para o processo de identificação é solicitado cópia de documentos e telefone de familiares a pacientes lúcidos; já em pacientes não lúcidos, “a unidade solicita ao serviço de Identificação Civil a realização de exame para a identificação do mesmo”, justifica.
— Eu só quero enterrar meu filho. Ele ia ser enterrado como indigente. Eu quero explicações para não terem feito contato com a família — diz a mãe do rapaz.
Na última segunda-feira, a família compareceu ao IML de Caxias e conseguiu fazer o reconhecimento do corpo e liberar para ser sepultado nesta terça-feira às 15h no Cemitério Nossa Senhora de Fátima, em Caxias, mas Rosângela diz que a documentação do óbito está com informações erradas sobre estado civil e filhos de Raphael.
— Minhas perguntas têm que ter respostas. Eu quero justiça, quero saber quem fez isso. Quero que as autoridades me expliquem por que não me comunicaram. Eu preciso saber tudo isso — afirma Rosângela.
Procurada, a Polícia Civil disse que fez a remoção de um corpo não identificado que deu entrada em uma unidade hospitalar no dia 24 de fevereiro, e que foi encaminhado para o IML de Caxias.
“O laudo papiloscópico identificou a vítima como sendo Raphael do Carmo Silva. Após a identificação, a equipe tentou contato e localizar a família, mas não obteve retorno. Dias depois, familiares foram ao Posto Regional de Polícia Técnica e Científica e o corpo foi liberado”, diz a nota.
Sobre as informações que constam na certidão de óbito, a polícia diz que elas se referem ao local onde o corpo foi encontrado. “A Polícia Civil esclarece que, seguindo procedimento adotado quanto ao encontro de cadáver em unidades hospitalares, os dados e endereço que constam na Certidão de Óbito se referem ao local onde o corpo foi encontrado, ou seja, ao hospital onde a vítima foi localizada”, justifica.
A família ainda não sabe o que aconteceu com Raphael antes de ele morrer. Raphael era casado e tinha cinco filhos. O caso foi registrado na 65ª DP (Magé).