Visando diminuir a insegurança dos profissionais em relação ao trabalho com pessoas que tenham Transtorno de Espectro Autista (TEA), a Fundação de Desenvolvimento Social de Belford Roxo (Funbel) está realizando a capacitação sobre o tema para ajudar esses profissionais. O curso é uma extensão do projeto NAFA (Núcleo de Acolhimento à Família do Austista), que atualmente acompanha 60 famílias. Nesta primeira turma, são 30 pessoas. Mas quem quiser pode se inscrever e ficar no cadastro reserva através do Plantão Social ou pelo número de whatsapp 2761-4264. É preciso ter em mãos RG, CPF, comprovante de residência e comprovante de escolaridade (é necessário ter o ensino médio concluído).
A presidente da Funbel, Clarice Santos, explicou que muitas pessoas que têm em sua família alguém com TEA ou devido a sua profissão precisam lidar com pessoas especiais não se encaixavam no NAFA. A partir disso foi pensada a capacitação para o público em geral que queira participar. “70% da turma tem ensino superior, sendo alguns pedagogos, professores ou estejam se especializando. O conteúdo das aulas é parecido com os do NAFA, só que mais específico e aprofundado”, disse Clarice.
Cuidados importantes
De acordo com a pedagoga e fisioterapeuta Claudia Hosana, o curso foi montado para todas as pessoas que cuidam de pessoas com Transtorno de Espectro Autista. “Na parte pedagógica demos destaque sobre o cuidado, pois existem muitas coisas que podem atrapalhar essa criança e ocasionar mais um déficit no seu dia a dia. Então, criamos práticas para o seu desenvolvimento. E sabemos que o que falta é a informação e conhecimento. Muitas pessoas querem ajudar, mas não sabem como agir com quem tem TEA. E é importante saber como abordar, alimentar, ter cuidado nos lugares, saber evitar crises. Por isso essa preocupação”, explicou Claudia.
“Trabalhamos inicialmente sobre o desenvolvimento trazendo coisas do próprio NAFA. Na pessoa com TEA existe a criança e o ser humano antes de qualquer diagnóstico. A partir disso começamos a descartar alguns conceitos de diagnóstico e falamos sobre o desenvolvimento infantil. Estamos também pontuando o desenvolvimento psicológico dessa criança, a importância de não pular etapas, dela estar inserida no meio social infantil e a importância do brincar. Isso afeta diretamente no desenvolvimento psicológico. Tudo isso é para entender e quebrar tabus”, explicou a psicóloga Renata Freitas.
Mãe de uma pessoa com TEA e advogada, Rhayssa Santos, 38 anos, está cursando terapia ocupacional e se especializando em transtorno de espectro autista. Ela explicou que o autismo chegou em sua vida de repente. Para ajudar no desenvolvimento de seu filho, ela buscou conhecimento. “Sou de Nova Iguaçu e vim buscar conhecimento aqui em Belford Roxo e está superando todas as minhas expectativas. É fantástica a preocupação com as famílias, as crianças e a inclusão. Agradeço a prefeitura pela iniciativa e proporcionar esse momento. A equipe é maravilhosa, atendimento humanizado, profissionais altamente capacitados e atenciosos. Eu coordeno um projeto em minha igreja sobre inclusão e levo todo o conhecimento que adquiro aqui”, destacou Rhayssa.
Dentre os temas abordados no curso estão: o conceito e características típicas do TEA; a prevalência do TEA na população; escalas de rastreamento de sinais de TEA; transtornos psicológicos e neurológicos da Infância e fase adulta; a aprendizagem e o afeto nas fases do desenvolvimento; o impacto do autismo nas atividades de vida diária.
Fotos: Rafael Barreto/PMBR