ZONA OESTE

Guerra da milícia faz mortes dispararem em área disputada por grupos rivais no Rio

Terceiro bairro mais populoso da Zona Oeste, com mais de 217 mil habitantes , Santa Cruz já apresenta nas estatísticas criminais o reflexo de uma disputa de território , travada há mais de oito meses, por dois grupos rivais de milicianos.

Carro foi queimado e vítimas foram mortas a tiros
Carro foi queimado e vítimas foram mortas a tiros Foto: Reprodução

Desde que paramilitares de organizações criminosas distintas passaram a disputar o monopólio da exploração de negócios irregulares no bairro, e em localidades vizinhas, a escalada da violência disparou na região . De acordo com dados do Instituto de Segurança Pública, em 2021, houve um aumento de 29,3% no número de homicídios registrados na jurisdição da 36ªDP (Santa Cruz), em comparação ao ano de 2020.

Ao todo, foram registrados 40 assassinatos, em 2021, na área da 36ªDP, contra 31 de 2020. Em 2022, o ano também não começou menos violento. No primeiro mês do ano, a violência dobrou em relação ao mesmo período do ano passado. Em janeiro último, foram registrados quatro assassinatos contra dois, no mesmo período de 2021.

Já entre os últimos 15 dias de fevereiro e o início de março deste ano, a escalada de homicídios aumentou ainda mais. Num período de apenas dez dias, entre o dia 19 e 1º de março, pelo menos seis pessoas foram assassinadas na principal área disputada pela milícia no Rio. Só em um dos casos, ocorrido no dia 19, duas vítimas foram emboscadas a tiros, dentro de um carro. O veículo foi atingido por pelo menos cem disparos. O paramilitar Vladimir Melgaço Montenegro, o Bibi, e uma jovem que o acompanhava, morreram na hora. O assassinato ocorreu após as vítimas terem deixado um baile funk.

As últimas mortes da série de crimes praticados por bandos rivais de milicianos aconteceram no domingo, dia 27, e na madrugada de terça-feira, dia 1º de março. No fim da tarde de domingo, pouco depois das 17h, Marcos Torres Gaspar foi assassinado por três paramilitares armados com fuzis, dentro de um bar, em uma rua do Bairro Urucânia, em Santa Cruz. Ele teria sido confundido por homens da milícia de Danilo Dias Lima, o Danilo Tandera, com um integrante do bando rival.

Já na madrugada desta terça-feira, por volta das 4h, paramilitares da milícia chefiada por Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, teriam interceptado a tiros de fuzil um veículo ocupado supostamente por dois homens do bando de Tandera.

O automóvel perdeu a direção e se chocou com uma mureta, na Avenida Cesário de Melo, a 200 metros de distância da Estação Cesarão III do BRT. Em seguida, os criminosos atearam fogo no veículo com as vítimas ainda no seu interior. Uma equipe do 27ºBPM (Santa Cruz) foi alertada por moradores que tiros haviam sido disparados e encontrou os corpos parcialmente carbonizados das duas vítimas no veículo. Além dos casos acima, a Delegacia de Homicídios da Capital também investiga a morte de um ex-PM , ocorrida em Santa Cruz, no último dia 23.

Procurada, a Polícia Civil a não confirmou que todos os assassinatos acima foram praticados por integrantes de milicias. Mas, admitiu que a disputa travada por milicianos rivais aumentou o número de homicídios registrados na área da 36ªDP. Abaixo, a íntegra da nota enviada pela corporação.

“A Polícia Civil (Sepol), por meio da FT-1000 (Força-Tarefa dos Mil Milicianos Presos), tem desarticulado as organizações criminosas que atuam na Zona Oeste da capital e em outras regiões. Em mais de 200 operações, cerca de 1200 bandidos foram presos, estabelecimentos comerciais clandestinos foram fechados, armas apreendidas e outras ações realizadas, resultando em um prejuízo de cerca de R$ 2,5 bilhões aos grupos de milicianos.

Por conta disso, as organizações criminosas se enfraqueceram o que causa disputa entre milicianos em uma tentativa de sobrevivência e manutenção dos territórios, o que aumenta o número de homicídios entre criminosos de grupos rivais. A FT-1000 continuará as investigações para identificar e prender todos os envolvidos em práticas delituosas.”