Mesmo em um momento de luto, Abner Ribeiro, de 54 anos, e Daniele Ribeiro, de 45, autorizaram a captação dos órgãos da filha Carolina Kethelim, vítima de um acidente envolvendo um ultraleve, há cerca de 18 dias, em Nova Iguaçu. Na quarta-feira (27), Dia Nacional do Doador de Órgãos, o casal retornou ao Hospital Geral de Nova Iguaçu (HGNI) para participar do primeiro plantio de uma árvore em homenagem aos doadores e seus familiares, simbolizando o crescimento de uma nova vida.
“Muitas pessoas estão no leito de um hospital com a esperança de um dia conseguir a doação de um órgão. É importante que as pessoas se sensibilizem sobre este tema e ajudem quem precisa”, comenta Abner, relembrando a dedicação da filha em sempre ajudar ao próximo.
Emocionada, Maria Cristina Lopes, de 53 anos, que autorizou a doação dos órgãos de seu marido, Carlos Alberto, falecido em maio deste ano, também destacou a importância de poder oferecer uma segunda oportunidade a quem aguarda na lista de espera pelo transplante.
“Quando acabou todo o processo de doação de órgãos do meu marido, a médica me disse que alguém, naquele dia, não ia mais precisar de hemodiálise. Que uma família ia sair da fila e parar de chorar pela situação que estava passando”, conta ela.
De janeiro a agosto de 2023, o HGNI realizou 24 captações de órgãos. O número é 33% maior que o registrado em todo o ano de 2022, que contou com 18 captações efetivadas. Todo este processo é coordenado pela Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT), que acolhe os familiares e explica sobre a doação de órgãos. Segundo o Sistema Nacional de Transplantes, mais de 65 mil pessoas aguardam por um órgão no Brasil.
“O HGNI está entre as cinco maiores emergências do estado e participa ativamente deste processo de captação de órgãos. As equipes desenvolvem um trabalho fundamental para acolher os parentes e cuidar desse potencial doador. Com isso, colaboramos para o aumento de captação de órgãos e tecidos para transplantes, diminuindo a lista de espera”, afirma o diretor-geral do HGNI, Ulisses Melo.
A médica Roberta Carvalho, coordenadora do CIHDOTT, agradeceu aos familiares e ressaltou a importância de cada um deles no processo de captação de órgãos.
“O plantio da árvore significa que uma vida que está nascendo, crescendo e florescendo graças às famílias que disseram sim em um momento tão delicado como o falecimento de um parente. Este é um marco que vai ficar na história do HGNI”.
Transplantada agradece
Uma das convidadas para a homenagem foi Janaína de Oliveira, de 46 anos. Com sérios problemas renais, ela aguardou durante cinco anos, período que fez inúmeras hemodiálises, até receber o órgão.
“Receber o órgão sabendo que outra família, em momento de perda, optou pela doação, cria um turbilhão de emoções. Fico agradecida e peço para que as pessoas sejam doadoras de órgãos, pois o transplante acaba sendo a única solução para muita gente”, conclui.
Para ser doador de órgãos é importante que a pessoa manifeste este desejo aos seus familiares. Não é necessário deixar a vontade expressa em documentos ou cartórios, basta que sua família atenda ao seu pedido e autorize a doação de órgãos e tecidos.