POLÍCIA

Líder religioso radical preso pela PF

O líder religioso radical Tupirani da Hora Lores, preso nesta quinta-feira em operação da Polícia Federal (PF), costumava hostilizar homossexuais que moram nas proximidades da sede da Igreja Pentecostal Geração Jesus Cristo, que fica na Rua Mariano Procópio, no Santo Cristo, na Região Portuária do Rio. Além disso, pessoas que vestiam roupas brancas também eram alvo de comentários pejorativos, pois eram associadas a religiões de matriz africana, como a umbanda e o candomblé.

Um morador da mesma rua onde fica a igreja relatou que já foi alvo de comentários jocosos do homem e de outros seguidores por ser homossexual. Da mesma forma, já viu pessoas também serem ofendidas por suspostamente serem de outras religiões.

— Já fui xingado por ele quando estava descendo a rua, mas ele só fazia isso quando estava acompanhado, sozinho ele fica quieto. Outra vez ele xingou uma mulher apenas por que estava de branco. Ela não tinha nenhum aparato como guias ou outros que a identificassem como umbandista ou candomblecista, mas ele a chamou de demônia. Eu até evito passar por ali em dia de culto — disse o vizinho, que preferiu não se identificar.

Preso no ano passado, Tupirani sabia que estava cometendo um crime, assim como também parecia saber que seria alvo de um novo mandado de prisão por este motivo. Durante um tempo, manteve no portão de sua casa, onde também funciona o templo da seita, colocou um cartaz com os dizeres “Aguardo a 2ª prisão; aguardem minha volta”.

Tupirani foi levado para a sede da Polícia Federal, também na Região Portuária. A operação que o prendeu foi batizada de Rófesh — nome que, em hebraico, significa liberdade, fazendo alusão às recentes discussões sobre os limites da liberdade de expressão. Ele foi autuado e responderá pelos crimes de racismo, ameaça e incitação e apologia ao crime. No momento da prisão, Tupirani exibia uma camisa com a frase “Não sou vacinado”

De acordo com as investigações da PF, ele produziu e publicou diversos vídeos com ataques diretos aos judeus e membros de outras religiões. Em agosto do ano passado, Tupirani afirmou durante pregação, no começo do mês, que “a igreja não levanta placa de filho da puta negro e veado”.

O discurso foi feito em resposta ao pedido de desculpas da pregadora Karla Cordeiro, a Kakau, da Igreja Sara Nossa Terra. Ela havia dito para os fiéis pararem de “ficar postando coisa de gente preta, de gay”, em 31 de julho.

Após a repercussão do vídeo e da abertura de um inquérito policial, Kakau publicou uma nota de retratação, em 3 de agosto. O recuo de Kakau irritou o líder da Igreja Pentecostal Geração Jesus Cristo.

— Sabe o que você é, Karla Cordeiro? Você é uma puta, uma prostituta, seu pastor deve ser um veado e a sua igreja toda é uma igreja de prostitutas. Vocês não são evangélicos. Malditos sejam vocês, que a garganta de vocês apodreça por terem ousado tocar no nome de Jesus, raça de putas e piranhas, é isso que vocês são — disse.