Por Dr. Rui – advogado
A cada dia, novos episódios de violência contra a mulher são estampados nos noticiários. O caso mais recente, no Rio Grande do Norte, em que uma mulher foi brutalmente agredida com mais de 60 socos dentro de um elevador, choca, revolta e, mais do que isso, exige resposta da sociedade.
Não se trata de um episódio isolado. É parte de uma estatística cruel: em 2024, o Brasil registrou 1.492 feminicídios, o maior número desde 2015. São quatro mulheres assassinadas por dia, a maioria dentro de casa, por companheiros ou ex-companheiros.
Esses números não podem ser naturalizados. Não podemos permitir que a violência se transforme em rotina, como se fosse inevitável. Cada mulher agredida é uma vida interrompida, uma família despedaçada e uma sociedade que falha em proteger suas cidadãs.
O que está em jogo:
É verdade que o Estado tem avançado em algumas frentes. A Operação Shamar, em andamento em todo o país, já levou à prisão centenas de agressores. A nova Lei 15.125/2025, que amplia a Lei Maria da Penha, permite o monitoramento eletrônico de violentadores. No Rio de Janeiro, ações feitas pela Patrulha Maria da Penha (PMERJ) e delegacias digitais ajudaram a ampliar os pedidos de medidas protetivas em mais de 20%.
Mas ainda é pouco. Em muitos municípios, não há delegacia da mulher, não há abrigo, não há psicólogo ou advogado disponível. As vítimas continuam, em grande parte, sem rede de proteção real. É como se o sistema dissesse: “denuncie”, mas depois não oferecesse os
braços necessários para amparar.
O que defendemos:
Se queremos mudar essa realidade, precisamos agir em várias frentes:
- Ampliar a rede de proteção, com Casas da Mulher Brasileira em todo o território, delegacias especializadas abertas 24 horas e atendimento humanizado.
- Garantir o cumprimento das medidas protetivas, com tornozeleiras eletrônicas, fiscalização rigorosa e punição imediata ao agressor que as descumprir.
- Educar para transformar, com campanhas permanentes em escolas, comunidades e meios de comunicação que enfrentem o machismo estrutural.
- Amparar as vítimas, oferecendo apoio psicológico, jurídico e social. A mulher precisa sentir que não está sozinha
- Combater também a violência virtual e política, que atinge especialmente mulheres negras, periféricas e líderes sociais, alvo constante de ataques covardes nas redes.
Canais de denúncia e acolhimento:
É importante repetir sempre: há caminhos para pedir ajuda.
- Ligue 180 – Central de Atendimento à Mulher, 24h.
- Disque 190 – Polícia Militar, em caso de emergência.
- Delegacias da Mulher – especializadas no atendimento.
- Casa da Mulher Brasileira – centros integrados de proteção.
- Aplicativos como “Rede Mulher” no RJ e “SP Mulher Segura”.
- Defensoria Pública e Ministério Público – orientação gratuita.
Conclusão
Como defensor das mulheres e dos direitos humanos, afirmo com toda convicção: a
violência contra a mulher não é um problema privado, é um crime social, e precisa ser
enfrentado como prioridade absoluta do Estado e da sociedade.
Não basta lamentar. É hora de reagir. A cada denúncia feita, uma vida pode ser salva. A
cada política implementada, um futuro pode ser transformado. E a cada voz que se levanta
em defesa das mulheres, um passo é dado contra a cultura da violência.
Nosso compromisso é claro: nenhuma mulher será deixada para trás!
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